No calabouço do medo
se forja o covarde,
que se apega ao desespero,
por não perceber que sua
própria mente lhe estampou
a sofreguidão
No limiar da aflição,
numa transmutação absurda
de sua ridícula obsessão,
torna-se em si semi-deus
Numa infinda teimosia…
escarnece da existência
e reproduz,
à sua imagem e semelhança,
um indivíduo deformado,
cujo espírito quase morto
geme num canto imundo
amordaçado
Cobra do outro a usura…
de sua própria abstinência de vida,
asfixiada cruelmente
por sua sede de megalomania,
que não se sacia no mundo douto
dos amores e sentimentos
sem intenções segundas
—
Hélio Andrade