Estudaremos neste texto a estrutura ou composição da Bíblia, ou seja, sua divisão em partes principais, seus livros classificados por assuntos, a divisão em capítulos e versículos, e certas particularidades indispensáveis.

Os Dois Testamentos

A Bíblia é dividida em duas partes principais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento, totalizando 66 livros, sendo 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento.

Estude a Bíblia!

Esses 66 livros foram escritos ao longo de aproximadamente 16 séculos por cerca de 40 autores.

Aqui está um dos milagres da Bíblia. Esses escritores pertenciam a diversas profissões e atividades, viveram e escreveram em países, regiões e continentes diferentes, distantes uns dos outros, em épocas e condições diversas.

No entanto, seus escritos formam uma harmonia perfeita. Isso prova que apenas um os dirigia no registro da revelação divina.

A palavra “testamento” deriva do termo grego “diatheke” e possui dois significados:

    • aliança ou concerto, sendo a palavra usada no Antigo Testamento “berith”, que significa concerto.
    • testamento, ou seja, um documento que contém a última vontade de alguém quanto à distribuição de seus bens após a morte. Essa é a palavra empregada no Novo Testamento, como, por exemplo, em Lucas 22.20. O duplo sentido do termo grego mostra duas coisas: que a morte do testador (Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliança e, portanto, nos garante toda a herança (Hebreus 9.15-17).

O título “Antigo Testamento” foi primeiramente aplicado aos primeiros 39 livros da Bíblia por Tertuliano e Orígenes, que fazem parte da era patrística da Igreja.

Na primeira divisão principal da Bíblia, temos o Antigo Concerto (também chamado pacto ou aliança), que veio por meio da Lei, feito no Sinai e selado com sangue de animais (Êxodo 24.3-8; Hebreus 9.19,20).

Na segunda divisão principal, o Novo Testamento, temos o Novo Concerto, que veio por meio do Senhor Jesus Cristo, feito no Calvário e selado com o Seu próprio sangue (Lucas 22.20; Hebreus 9.11-15). Portanto, é um concerto superior ao anterior.

O Antigo Testamento

Conforme mencionado anteriormente, o Antigo Testamento é composto por 39 livros e foi originalmente escrito em hebraico, com exceção de pequenos trechos em aramaico, uma língua que Israel adquiriu durante o exílio babilônico.

Também contém algumas palavras persas. Esses 39 livros estão classificados em 4 grupos, de acordo com o assunto a que pertencem: Lei, História, Poesia e Profecia.

Lei

São 5 livros – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Essa seção do Antigo Testamento também é conhecida como “Pentateuco”.

Esses livros tratam da origem de todas as coisas, da Lei e do estabelecimento da nação israelita.

História

São 12 livros – de Josué a Ester. Esses livros abordam a história de Israel em diferentes períodos:

    • Teocracia, sob o comando dos juízes;
    • Monarquia, durante os reinados de Saul, Davi e Salomão;
    • Divisão do reino e cativeiro, relatando os reinos de Judá e Israel, sendo este último levado cativo para a Assíria e Judá para a Babilônia;
    • Pós-Cativeiro, liderado por Zorobabel, Esdras e Neemias, juntamente com os profetas de sua época.

Poesia

São 5 livros – de Jó a Cantares de Salomão. Esses livros são chamados de “Poéticos”, não porque sejam repletos de imaginação e fantasia, mas devido ao gênero de seu conteúdo. Também são conhecidos como “Devocionais”.

Profecia

São 17 livros – de Isaías a Malaquias. Esses livros estão subdivididos em:

    • Profetas Maiores: Isaías a Daniel (5 livros);
    • Profetas Menores: Oséias a Malaquias (12 livros).

Os termos “Maiores” e “Menores” não se referem ao mérito ou à notoriedade do profeta, mas sim ao tamanho dos livros e à extensão do ministério profético.

Apresentamos abaixo um quadro com todos os livros do Antigo Testamento, separados por assunto, de acordo com a versão Septuaginta das Sagradas Escrituras.

A classificação dos livros do Antigo Testamento por assunto é baseada na versão Septuaginta, através da Vulgata, e não leva em consideração a ordem cronológica dos eventos relatados em cada livro.

Isso pode causar confusões para os leitores menos familiarizados, que buscam agrupar a narrativa de forma cronológica. Abordaremos a cronologia bíblica em uma lição específica posteriormente.

Na Bíblia hebraica, que corresponde ao nosso Antigo Testamento, a divisão dos livros é bastante diferente, como veremos mais adiante.

O Novo Testamento

Composto por 27 livros, o Novo Testamento foi escrito em grego, não no grego clássico dos eruditos, mas no grego comum chamado “Koiné”. Esses livros também estão classificados em 4 grupos, de acordo com o assunto a que pertencem: Biografia, História, Epístolas e Profecia.

Biografia

São os 4 Evangelhos, que descrevem a vida do Senhor Jesus Cristo e Seu glorioso ministério terreno. Os três primeiros Evangelhos são chamados de “Sinópticos” devido ao paralelismo das informações entre eles.

Os Evangelhos são os livros mais importantes da Bíblia. Todos os livros que os precedem tratam da preparação para a manifestação de Jesus Cristo, e os que os seguem são explicações da doutrina de Cristo.

História

É o Livro de Atos dos Apóstolos, que registra a história da Igreja primitiva, seu modo de vida e a propagação do Evangelho, tudo isso por meio do Espírito Santo, conforme Jesus havia prometido (Atos 1.8).

Epístolas

São 21 epístolas (ou cartas), que vão de Romanos a Judas. Elas contêm a doutrina da Igreja, e os destinatários são diversos, conforme o assunto:

    • 9 são direcionadas às igrejas (de Romanos a 2 Tessalonicenses);
    • 4 são direcionadas a indivíduos (duas a Timóteo, uma a Tito e uma a Filemom);
    • 1 é direcionada aos hebreus cristãos;
    • 7 são direcionadas a todos, de forma indiscriminada (Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João e Judas). Essas também são chamadas de “Epístolas Universais”, “Epístolas Católicas” ou “Epístolas Gerais”, embora duas delas (2 e 3 João) sejam direcionadas a pessoas específicas.

Profecia

É o Livro do Apocalipse (ou Revelação), que trata do retorno pessoal do Senhor Jesus Cristo à terra e dos eventos que o precederão. Nesse livro bíblico, vemos o Senhor Jesus vindo com Seus santos para:

    • destruir o poder mundial dos gentios, que estará sob o domínio da Besta;
    • livrar Israel, que estará no centro da Grande Tribulação;
    • julgar as nações;
    • estabelecer Seu reino milenar.

Assim como no Antigo Testamento, os livros do Novo Testamento não estão dispostos em ordem cronológica.

Particularidades da versão católica da Bíblia

Nas Bíblias de edição católico-romana, os Livros de 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis são chamados de 1, 2, 3 e 4 Reis, respectivamente. Os Livros de 1 e 2 Crônicas são chamados de 1 e 2 Paralipômenos. Esdras e Neemias são chamados de 1 e 2 Esdras.

Além disso, nas edições católicas de Matos Soares e Antonio Pereira de Figueiredo, o Salmo 9 corresponde, na versão de João Ferreira de Almeida, aos Salmos 9 e 10. O Salmo de número 10 corresponde ao Salmo 11.

Esse padrão continua até os Salmos 146 e 147, que na Bíblia de João Ferreira de Almeida são o Salmo de número 147. Dessa forma, os três últimos Salmos são idênticos em todas as versões mencionadas acima.

Essas diferenças na numeração não afetam o texto em si, e assim deve ser, uma vez que a Bíblia é o Livro do Senhor.

Alguns fatos e particularidades da Bíblia

A Bíblia, originalmente, não era dividida em livros, capítulos e versículos. A divisão em capítulos foi feita em 1250 d.C. pelo cardeal Hugo de Saint Cher, abade dominicano e estudioso das Escrituras.

A divisão em versículos ocorreu em duas etapas: o Antigo Testamento em 1445 pelo rabi Nathan e o Novo Testamento em 1551 por Robert Stevens, um impressor de Paris. Stevens publicou a primeira Bíblia dividida em capítulos e versículos em 1555, sendo esta a Vulgata Latina. Quanto às imperfeições dessas divisões, trataremos em outro texto.

O Antigo Testamento tem 929 capítulos e 23.214 versículos, enquanto o Novo Testamento possui 260 capítulos e 7.959 versículos. Assim, a Bíblia completa possui 1.189 capítulos e 31.173 versículos.

A Bíblia foi o primeiro livro impresso no mundo após a invenção da prensa, em 1452 em Mainz, Alemanha. Embora os dados a seguir sejam referentes a 2005, até a data desta edição não houve alterações significativas nesses números.

Até o ano de 2005, a Bíblia completa e partes dela haviam sido traduzidas para 2.377 das mais de 6.500 línguas existentes no mundo (conforme tabela abaixo). Dessa forma, as palavras de Jesus em Marcos 16:15 podem ser cumpridas fielmente: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.”

Nota: Por se tratar de dados de 2005, é importante notar que esses números podem ter sofrido alterações desde então.

Referências

SILVA, A. G. (2006). Blbliologia: introdução ao estudo da Bíblia: adaptado para curso pela equipe redatorial da EETAD. 1a edição. Campinas, SP: Escola de Educação Teológica das Assembléias de Deus.

Estude a Bíblia!

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