No período histórico-crítico, houve uma predominância do espírito de reação em relação à interpretação dogmática da Bíblia. Diversas visões divergentes foram expressas em relação ao texto sagrado, negando a inspiração verbal e a infalibilidade das Escrituras.

O elemento humano na Bíblia passou a ser reconhecido e enfatizado, refletindo sobre a relação entre o humano e o divino.

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O Problema da Inspiração da Bíblia

Os principais teólogos desse período adotaram pontos de vista variados sobre a inspiração da Bíblia. Algumas teorias defendidas nessa época, que ainda encontram certa influência atualmente, são as seguintes:

    1. Teoria da Inspiração Natural Humana: Ensina que a Bíblia foi escrita por homens dotados de inteligência singular.
    2. Teoria da Inspiração Divina Comum: Ensina que a inspiração dos escritores da Bíblia é a mesma que ocorre atualmente com os crentes durante a oração, pregação, louvor, ensino e comunhão com Deus, entre outros.
    3. Teoria da Inspiração Parcial: Ensina que apenas partes da Bíblia são inspiradas, enquanto outras não. Afirma também que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas contém a Palavra de Deus.
    4. Teoria da Inspiração Verbal: Ensina que a inspiração da Bíblia se restringe às palavras, excluindo a atividade dos escritores.
    5. Teoria da Inspiração das Ideias: Ensina que Deus inspirou as ideias da Bíblia, mas não as palavras, deixando isso a cargo dos respectivos escritores.

Além disso, estabeleceu-se o princípio de que a Bíblia deveria ser interpretada como qualquer outro livro, o que resultou em uma gradual diminuição do elemento divino da Bíblia. Os intérpretes limitavam-se a discutir questões históricas e críticas.

A Escola Gramatical

Essa escola foi fundada por um teólogo chamado Ernesti. Segundo essa abordagem exegética, a Escritura deve ser interpretada levando em consideração os seguintes aspectos:

a. Deve-se rejeitar o sentido múltiplo da Escritura e manter apenas o sentido literal.

b. As interpretações alegóricas devem ser abandonadas, exceto quando o autor indicar claramente que deseja combinar com o sentido literal.

c. Visto que a Bíblia possui um sentido gramatical compartilhado com outros livros, isso deve ser considerado em ambos os casos.

d. O sentido literal não pode ser determinado por um suposto sentido dogmático.

A Escola Gramatical era essencialmente supernaturalista, apegando-se às palavras do texto como uma fonte legítima de interpretação autêntica da verdade religiosa.

A Escola Histórica

A interpretação histórica da Bíblia alcançou seu ápice com Semler. Ele enfatizou o fato de que os diversos livros da Bíblia e o cânon em geral têm origens históricas e são condicionados pelo contexto histórico. A partir disso, concluiu que as Escrituras contêm erros, cabendo ao estudante e intérprete identificá-los.

Devido à abordagem abusiva de Semler nesse tipo de estudo, concedendo exclusividade a ele em detrimento de outros métodos, ele acabou sendo considerado o precursor do chamado “Racionalismo Cristão”.

📚 Referências

OLIVEIRA, Raimundo F. de. Princípios de Hermenêutica: Estudo e Compreensão da Bíblia.

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