Mar de Garrafa

E aquele naviozinho
dentro daquela garrafa?!
Não gostei do meu reflexo
no vidro…

Senti-me miniatura humana
engarrafada para exibição
Minha religião é antinatural…
e teima em montar-me dentro
deste ambiente artificial de liberdade

Religare é separação!
E que devasso devaneio
o querer fazer-me miúdo…
Possuo os mares, mas me vejo
a navegar nos oceanos que
os faço imaginar

E sigo desligado, desumanizado,
cruzando vagas fantasiosas,
imaginadas por quem me contempla
preso nesta garrafa…
Infeliz mar intransponível!

Hélio Andrade

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