A Teologia da Libertação é uma corrente de pensamento cristão que surgiu na América Latina na década de 1960. Ela busca compreender a fé cristã a partir da realidade dos oprimidos e marginalizados da sociedade, especialmente os pobres. A Teologia da Libertação enfatiza a necessidade da liberação dos oprimidos, tanto em termos políticos quanto sociais, e entende a fé cristã como uma força para mudar a sociedade e promover a justiça.
É uma abordagem interdisciplinar que envolve a teologia, a política, a filosofia e a sociologia, e tem como objetivo promover a transformação social e a liberação dos oprimidos.
Princípios Básicos
Os princípios básicos da Teologia da Libertação incluem:
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- Libertação dos oprimidos: A Teologia da Libertação busca libertar os oprimidos de sua condição de opressão, seja por meio de injustiças sociais, políticas ou econômicas.
- Propriedade comum: A Teologia da Libertação defende que os recursos naturais, a terra e outros bens materiais devem ser considerados propriedade comum da humanidade e não devem ser controlados por uma pequena minoria privilegiada.
- Participação política: A Teologia da Libertação incentiva a participação política dos cristãos e seus esforços para promover a justiça social e política.
- Fé e ação: A Teologia da Libertação enfatiza a importância da fé cristã como uma força para mudar a sociedade e promover a libertação dos oprimidos.
- Opinião pública cristã: A Teologia da Libertação procura criar uma opinião pública cristã comprometida com a justiça social e política.
- Liberdade religiosa: A Teologia da Libertação defende a liberdade religiosa e o direito de todas as pessoas a praticarem sua fé livremente.
- Preocupação com os pobres: A Teologia da Libertação tem uma preocupação especial com os pobres e os oprimidos e procura melhorar suas condições de vida.
Estes são alguns dos princípios básicos da Teologia da Libertação. Em geral, a Teologia da Libertação busca aplicar os ensinamentos cristãos para lutar contra a opressão e promover a justiça social e política.
Idealizadores
A Teologia da Libertação foi desenvolvida por teólogos latino-americanos, como Gustavo Gutiérrez (Peru), Leonardo Boff (Brasil) e Juan Luis Segundo (Uruguai), entre outros. Esses teólogos estavam preocupados com a situação de pobreza e opressão na América Latina e buscavam encontrar uma maneira de usar a fé cristã para transformar a realidade dos oprimidos. A Teologia da Libertação foi influenciada por diversas tradições teológicas, incluindo a teologia social, a teologia bíblica e a filosofia cristã. Além disso, teve influência de movimentos sociais e políticos da época, como o Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos e o socialismo latino-americano.
Relação com o Marxismo
A Teologia da Libertação teve influência do marxismo, assim como de outras tradições políticas e sociais, na medida em que buscava compreender a realidade dos oprimidos e explicar as causas da pobreza e da opressão na América Latina. Alguns teólogos da Libertação viram o marxismo como uma ferramenta útil para compreender a realidade econômica e política dos países latino-americanos, e incorporaram algumas de suas idéias em sua teologia.
No entanto, a Teologia da Libertação não é considerada uma corrente marxista e tem uma abordagem distinta, centrada na fé cristã e na busca por justiça e libertação dos oprimidos. Em geral, a Teologia da Libertação busca combinar as reflexões teológicas com a luta pelos direitos humanos e a justiça social.
O que diz do que é transcendente?
A Teologia da Libertação não desconsidera o aspecto transcendental ou espiritual da fé cristã, mas enfatiza a importância da luta pela justiça social e política como parte integrante da fé. Para os teólogos da Libertação, a fé cristã não é apenas uma questão pessoal de salvação individual, mas também uma força para mudar a sociedade e promover a libertação dos oprimidos.
Eles entendem que a fé cristã é uma chamada à ação e à transformação social, e não apenas à contemplação ou à oração. Portanto, a Teologia da Libertação não desconsidera o aspecto transcendental da fé cristã, mas enfatiza a importância da luta pela justiça e libertação como parte integrante da fé.
Relação com a Igreja Católica
A Teologia da Libertação é controversa e é vista com desconfiança por muitos setores da Igreja Católica, especialmente aqueles que seguem uma abordagem mais conservadora e ortodoxa. Alguns críticos argumentam que a Teologia da Libertação é uma forma de marxismo disfarçado e que sua abordagem política é inadequada para o contexto religioso. Outros argumentam que a Teologia da Libertação é uma forma de teologia libertária que minimiza ou nega a importância da doutrina e da tradição cristã.
A Igreja Católica oficialmente não reconhece a Teologia da Libertação como uma corrente teológica oficial e, em alguns casos, reprimiu a sua prática e promoveram seus teólogos. No entanto, a Teologia da Libertação continua a ser uma força importante na América Latina e em outros lugares, e muitos cristãos enxergam nela uma forma de usar a fé para promover a justiça e a liberdade para os oprimidos.
Bento XVI e sua crítica à Teologia da Libertação
O Papa Bento XVI teve uma postura crítica em relação à Teologia da Libertação. Durante sua papado, ele condenou a Teologia da Libertação como uma forma de marxismo disfarçado e por sua abordagem política inadequada para o contexto religioso. Além disso, o Papa Bento XVI argumentou que a Teologia da Libertação minimizava ou negava a importância da doutrina e da tradição cristã e incentivava a participação política e a luta pelos direitos humanos. Embora a Teologia da Libertação tenha sido uma força importante na América Latina e em outros lugares, a postura crítica do Papa Bento XVI refletiu a posição oficial da Igreja Católica em relação à Teologia da Libertação.
Conclusão
A Teologia da Libertação e a ortodoxia católica apresentam perspectivas diferentes e, em certa medida, contraditórias sobre a fé e a espiritualidade. Enquanto a ortodoxia católica enfatiza a importância da espiritualidade e da vida após a morte, a Teologia da Libertação enfatiza a importância da luta pela justiça social e política nesta vida. A Teologia da Libertação vê a fé cristã como uma força para mudar a sociedade e promover a libertação dos oprimidos, enquanto a ortodoxia católica enfatiza a importância da vida interior e da obediência às doutrinas e tradições da Igreja.