Solidão…
Atravessaste o rio
e levaste contigo o barco
o único barco
Deixaste apenas uma imagem
uma lembrança
que se tornou turva
embaçada
Penetraste na neblina…
no meio da noite escurecida
pelas negras águas do rio
E me deixaste aqui…
me abandonaste no cais?
E quando me perguntarem por ti?
Direi: está ali
do outro lado do rio…
Após sumires,
esperei teu retorno…
dias, noites
lágrimas, angústias
e, por fim, a dúvida
Pungente dúvida…
não voltarás
me faz delirar
e passo a pensar
foste um sonho!
Já não sei
se o que penso de ti
é o que de ti sei
ou o que sei da tristeza
em mim da tua ausência…
Onde estás? Volta pra mim!
—
Hélio Andrade